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Visual do Vale de la Muerte |
Escolher
um destino dentre tantos é algo difícil. Porém, em relação ao
Atacama, após duas tentativas frustradas, uma vez que o tempo
disponível não se ajustava à longa jornada entre os voos, enfim
tive à disposição muitos dias de folga, tornando possível,
finalmente, visitar o Atacama. Com as malas prontas e já no aeroporto
em Natal, somente após 24h de viagem consegui chegar ao Atacama.
Isso mesmo! Não fica do outro lado do mundo, mas a viagem é bem
complicada. Primeiro, voo de Natal à São Paulo; depois, de São Paulo
à Santiago; em seguida, pernoitamos no Holiday Inn Airport para
seguirmos até Calama no voo do início da manhã seguinte; por fim,
1:30h de ônibus até San Pedro do Atacama, nosso destino final.
Em
primeiro lugar, é importante o viajante saber que se trata de um
destino para os aventureiros e bem dispostos, pois os tours são
extremamente cansativos e alguns deles com grande risco de mal-estar,
em razão das péssimas estradas e da grande altitude. Alem disso,
pela distância e grande variedade de passeios, pelo menos 4 dias
livres são necessários para aproveitar bem o Atacama. O
que posso dizer sobre tudo isso? Que vale a pena todo o esforço,
pois o viajante vai conhecer um dos lugares mais belos do planeta
terra. Então, vamos ao que interessa: as dicas e as imagens!
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Ojos del Salar |
Dia
1: Chegada à San Pedro e passios pela Laguna Cejár e Ojos del Salar
Ao
chegarmos à Calama, já havíamos reservado pela internet o transfer
in/out pela Lincancabur, ao custo de 20.000 pesos por pessoa. O trajeto entre Calama e San Pedro de Atacama durou 1:15h e não é necessário reservar pela internet, apenas conveniente pois o ônibus já está á espera do viajante. Logo no caminho já nos
deparamos com a belíssima paisagem da cordilheira do sal, o que nos
deixou ansiosos pelo que estaria por vir.
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Cordilheira do Sal |
Chegando
à San Pedro, já instalados no Hotel Tulor, confortável e muito bem
localizado, fomos até o centro da vila para fechar os passeios.
Escolhemos a agência Vive Atacama, onde fomos muito bem recebidos
por Olga, que nos deu varias dicas e nos sugeriu os tours mais
especiais, os dias certos para fazê-los e os preparativos adequados para cada um deles (alimentação, roupas, etc). Posso recomendar, sem
medo de errar, a agência Vive Atacama, tanto pelo preço, como pelos
cuidados e atenção com o cliente.
Nesse
primeiro dia fomos à Laguna Cejár e Ojos del Salar, além do
próprio Salar de Atacama. A laguna Cejár é uma lagoa em que há
uma grande quantidade de sal, o que torna o banho uma experiência
interessante, uma vez que a alta concentração de sal na água não
deixa o banhista afundar, proporcionando um momento de grande
relaxamento. A beleza não é o ponto forte dessa atração, mas a
diversão sim! Os Ojos del Salar são dois poços de água escura bem
no meio do deserto, onde também é possível banhar-se. No fim do
tour, chegamos ao Salar de Atacama, onde apreciamos um belíssimo pôr
do sol.
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visão do Salar de Atacama |
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pôr do sol no Salar de Atacama |
Dia
2: reserva de flamingos no Salar de Atacama e Lagunas Altiplânicas
Começamos
o dia bem cedo, quando às 7h iniciamos nosso passeio. Paramos
no Salar do Atacama onde avistamos alguns flamingos e tomamos o café
da manhã. Após algum tempo, seguimos até as lagunas altiplânicas,
parando no bucólico pueblo de Socaire. Após uma subida até mais de
4000m de altitude e passando por visuais incríveis, chegamos nas
lagunas. Trata-se de duas lagunas belíssimas, onde é possível
avistar aves e algumas vicunhas. Pausa para muitas fotos e uma curta
caminhada margeando a laguna e depois retorno à San Pedro. Antes,
entretanto, paramos no pueblo de Tuconao, onde há um interessante
campanário. Final do dia, cansados do tour, fomos
descansar no hotel, para nos prepararmos para o dia intenso que
teríamos a partir da manhã seguinte.
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Lagunas |
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Visual do caminho até as lagunas |
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Lagunas |
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Pueblo que encontramos pelo caminho |
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Campanário em Tuconao |
Dia
3 (Manhã): Géisers del Tatio
O
passeio começou às 4h da manhã, onde passamos por uma péssima
estrada de terra, cheia de buracos e com muitas curvas. O passeio até
Tatio é o mais rigoroso de todos. A altitude chega a 4.300m e não
se deve comer carne vermelha, nem beber álcool no dia anterior. É
importante fazê-lo no 3º ou 4º dia no Atacama, para não sofrer
com o "mal das alturas" (dor de cabeça, enjoo, cansaço, etc).
Cumprimos à risca as recomendações e não sentimos nada. Após
visitarmos os géisers, tomamos um banho num piscinão termal, com a
temperatura da água em 35° e a temperatura exterior em -1º. De
Tatio seguimos até o pueblo Machuca, onde é vendido aos visitantes
empanadas e churrasco de alpaca. O caminho de volta entre Tatio e San
Pedro é lindíssimo, com uma pausa para fotos no Rio Puritana, donde
se tem uma boa visão do vulcão Puritana. Em relação a este
passeio, apesar de ter atrativos surpreendentes, é importante que o
viajante esteja ciente de que deve ter muita precaução e que
sofrerá bastante na viagem. Ainda assim, recomendo aos viajantes
aventureiros e que tenham ótima disposição, além de boa saúde.
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Geisers del Tatio |
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Mais dos géisers |
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o grande "piscinão" |
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Rio Puritana com o Vulcão Puritana ao fundo |
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Pueblo Machuca |
Dia
3 (Tarde): Vale de la Luna e Vale de la Muerte
Chegamos
do tour do Tatio às 12:20h, de modo que pudemos descansar até às
15:30h no hotel, quando fomos à agência para fazer o tour dos vales
de la Luna e Muerte, que começaria às 16h. Posso dizer que foi um
dia super cansativo, mas que conseguimos fazer sem grandes
sacrifícios, mesmo para meus pais que já têm 60 anos de idade e
forma física normal. Se tivéssemos mais tempo,
certamente deixariamos apenas um tour por dia, porém não era o nosso
caso, pois ou fazíamos assim, ou perderíamos o passeio pelos vales.
Para este tour é imprescindível chapéu, muito protetor solar,
bastante água e, por mais estranho que pareça, um casaco de frio,
pois no final do passeio os ventos são fortes e a temperatura começa
a cair. Primeiro fomos ao Vale de la Luna, onde lá entramos numa
caverna e subimos uma imensa duna, o que nos permitiu ter uma visão
incrível do vale e da cordilheira do sal. Após tomarmos fôlego,
fomos de ônibus até o Vale de la Muerte, onde lá nos deslocamos
até um dos lugares mais deslumbrantes da viagem, onde presenciamos
um magnifico pôr do sol. O passeio inteiro dura cerca de 3:30h e o
final é a parte melhor do tour. Recomendadíssimo!!
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Vale de la Luna |
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Vale de la Luna |
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Vale de la Muerte |
Dia
4: Salar de Tara
Deixamos
para o último dia o melhor passeio do Atacama: Salar de Tara. E
fizemos isso por duas grandes razões. A primeira delas foi pela
altitude, uma vez que se chega a 4.850m acima do nível do mar, de
longe o passeio de maior altitude no Atacama. A segunda foi para não
nos decepcionarmos com as demais excursões, pois o Salar de Tara é de
longe o lugar mais bonito e surpreendente do Atacama. Não que cada
atração não tenha seu valor, muito pelo contrario, pois tudo no
Atacama é lindo; mas o que estamos querendo dizer é que o Salar de
Tara é tão intenso, belo e mágico que seria covardia visitá-lo antes de se conhecer as demais atrações.
Bem, mas o que há
de tão especial no Salar de Tara? Primeiramente, o próprio caminho
já é uma atração à parte, com vulcões, lagos e visuais
incríveis. Além disso, a própria estrada até Tara é excelente,
diferentemente do caminho para se chegar até Tatio. Por último, a
natureza selvagem é muito mais rica, com diversas vicunhas e
milhares de flamingos, além, claro, da própria exuberância
peculiar de Tara. Ao ingressarmos na área de Tara, nos deparamos logo com o
guardião, uma rocha colossal que dá a impressão de um grande moai
de pedra guardando a entrada de Tara. Daí em diante é muita areia e
pedras pelo caminho. Não há estradas, nem trilhas, o "guia-motorista"
se orienta pelo gps para percorrer o local. Mais adiante, paramos
na Catedral de Tara, uma formação rochosa enorme que parece com uma catedral semi-destruída. Adiante, chegamos
no Salar propriamente dito, onde estávamos somente nós e os milhares de flamingos. Lá fizemos um pic nic deitados à beira do salar, contemplando a
natureza e a beleza cênica do local. Após aproximadamente uma hora, regressamos à
San Pedro de Atacama, parando uma ultima vez para visitar a laguna verde, uma
linda laguna que se forma à margem da estrada, próximo ao trecho
mais alto do passeio, com águas verde-esmeralda.
Foi um final maravilhoso de uma viagem surpreendente que nos deixou com uma sensação mágica de termos podido viver toda aquela beleza exuberante do Atacama. Ficou também uma saudade e uma vontade de voltar lá um outro dia. Normalmente, quando gosto muito de um destino, sempre deixo algo por conhecer, a fim de tornar possível uma nova visita. Entretanto, no Atacama foi diferente, pois tentei conhecer ao máximo tudo quanto possível, porém a imensa variedade de atrações, cada uma mais interessante que a outra, tornou uma missão impossível exaurir a exploração do Atacama num só viagem. Assim, voltei ao Brasil com a certeza de que um outro dia retornarei ao Atacama, pois ainda ficou por lá muito a se descobrir e explorar.
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paisagem pelo caminho |
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O guardião de Tara |
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Mais de Tara |
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A Catedral de Tara |
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Mais visual incrível |
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O Salar de Tara propriamente dito |
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No retorno encontramos a Laguna Verde |
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O Salar com os milhares de flamingos |
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Da estrada avistamos o maginífico Vulcão Lincancabur |